III DOMINGO DA QUARESMA


Moisés, diante da sarça que ardia, mas não se consumia, é o símbolo do homem diante da transcendência de Deus, e símbolo da aceitação humilde do chamado divino para cumprir uma missão. Diante da visão, Moisés deve tirar as sandálias, porque o lugar em que está é santo, está na presença do Santo dos santos, deve purificar-se para ficar na presença do Senhor. O evangelho é mais explícito na hora de tratar a necessidade da conversão: "Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo". Paulo apresenta uma interpretação alegórica da passagem do povo de Israel pelo deserto e nos convida a não sermos incrédulos como os israelitas, mas a estarmos atentos para que quem pensa estar de pé não caia.

As etapas da salvação


O período da quaresma nos apresenta as grandes etapas da salvação. No primeiro domingo da quaresma lemos o credo do povo de Israel que narrava, brevemente, a escravidão no Egito, a libertação e a posse da terra prometida. No segundo domingo meditávamos sobre a promessa feita a Abraão e a Aliança. Neste terceiro domingo da quaresma, a liturgia nos apresenta uma das passagens mais importantes da bíblia: a teofania a Moisés no monte Horeb. É a prefiguração do recebimento da Lei no Sinai. O fogo que não se consome simboliza a natureza e a presença de Deus. Por isto, quando Moisés se aproxima daquele curioso espetáculo, precisa tirar as sandálias; o homem não pode se aproximar do Deus Santo de qualquer jeito, faz-se necessária uma purificação e uma conversão da alma e do coração.

Os fiéis se aproximam do mistério pascal, da mesma forma como Moisés se aproximava da sarça ardente. Neste mistério podemos ver a manifestação de Deus, a presença de Deus, a vontade de Deus de libertar seu povo da escravidão do pecado. A experiência da glória de Deus foi um compromisso definitivo para Moisés. Ele passa a ver toda sua vida dentro da dimensão do divino, pois o mandamento de Deus não pode ser desprezado ou interpretado de outro modo. Vê também, a imensa desproporção existente entre o mandato de libertar seu povo e as forças pessoais; nem sequer sabe falar. E ainda mais, não têm um profundo conhecimento de Deus: pergunta seu nome. O Senhor se revela como Eu Sou aquele que Sou. Ou seja, ele é o único Deus que existe. Qualquer outro ídolo é um equívoco. Deus é único e só a ele devemos servir e prestar culto. O versículo 12 do capítulo terceiro do Êxodo - versículo que não faz parte da liturgia de hoje, mas que está dentro do mesmo contexto - dá uma prova e uma confirmação a Moisés: "eu estarei contigo, respondeu Deus; e eis aqui um sinal de que sou eu que te envio: quando tiveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus sobre esta montanha". A verdadeira libertação consistirá no culto ao verdadeiro Deus e este será o motivo que Moisés apresentará ao faraó mais de uma vez (cf. Ex 5, 1; Ex 5, 3; Ex 8,4).

A verdadeira libertação da escravidão - não a do povo egípcio, mas a do pecado, que é muito mais tirano acontece em Cristo. O verdadeiro culto está em Cristo, cordeiro de Deus que foi imolado por nossos pecados. Ele é o novo Moisés que nos liberta da escravidão e nos conduz para a salvação através de seu mistério pascal.


A conversão do coração


O evangelho nos incita à conversão do coração. A idéia de fundo é clara: nós não somos menos pecadores do que aqueles que sofreram uma morte indigna. Todos somos igualmente pecadores e todos estamos necessitados da misericórdia divina. Misericórdia esta que é a abundantemente derramada no tempo quaresmal. Agora é o tempo da salvação, o tempo da conversão. A parábola da figueira estéril nos mostra a paciência de Deus que sempre espera o momento oportuno para a conversão do pecador. De certo modo, nossa vida é a visita do bom agricultor que cava e cuida da figueira para que dê frutos. A conversão acontece no interior do homem, quando o homem entra dentro de si mesmo e faz a verdade de sua vida, quando vê que suas ações não correspondem com aquilo que crê e, como o cego do caminho, suplica: filho de Davi tem piedade de mim. Não é sensato adiar a conversão da alma, pois não sabemos a hora em que terminará nossa passagem pela terra. Além disso, somente a conversão a Deus nos torna realmente felizes e enche nossa alma de frutos, e os homens que caminham a nosso lado também precisam de Deus e de nosso testemunho de vida.

Como viver tudo isso

O sacramento da penitência


A quaresma nos apresenta a oportunidade de revalorizar o sacramento da penitência. A meditação das etapas da salvação que fazemos neste período nos conduz à conversão do coração. O Senhor está próximo. O Senhor vem. O Senhor deu sua vida por nós. Devemos promover este sacramento em todos os níveis: com as crianças, na sua primeira confissão e ao longo de sua infância; com os jovens, através de jornadas penitenciais bem preparadas e ambientadas num clima de paz e silêncio; com os adultos em retiros ou momentos específicos, para atender somente a eles. Todos precisamos do perdão de Deus. Não nos afastemos do altar de Deus, pois somente em Deus está nossa salvação.

A vigilância na vida cristã


Dentro do amplo campo da ascese cristã, a vigilância tem um papel bastante importante. São Paulo nos recomendou hoje: quem pensa estar de pé veja que não caia. Trata-se do santo temor de Deus, do temor de perder a Deus. Por isto, devemos vigiar: o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. A vigilância não é um estado de inquietação, pelo contrário, é o recolhimento sereno profundo de todas as potências para viver sempre em Deus, em paz, fazendo o bem e praticando a caridade. Quem vigia, como a boa sentinela, espera a aurora, está atento para que o inimigo não entre em seu terreno, vive com esperança do amanhã e é profeta da esperança


Fonte: catholic.net

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