I DOMINGO DA QUARESMA


O primeiro domingo da quaresma nos dá a possibilidade de meditar sobre a obediência do coração como o verdadeiro culto que podemos oferecer a Deus. A primeira leitura retirada do livro do Deuteronômio é uma simples e breve profissão de fé do povo de Israel. A promessa da terra que emana leite e mel se tornou realidade, e por isso o povo oferece as primícias dos frutos da terra, lembrando-se das maravilhas que Deus realizou desde o tempo dos patriarcas até os dias de hoje. O povo foi abençoado na medida em que obedeceu ao plano de Deus. O evangelho de são Lucas nos apresenta Jesus, cheio do Espírito Santo, em jejum durante 40 dias e, no final, enfrentando três tentações especiais do diabo. Todas elas tentam levá-lo à desobediência ao plano de Deus, afastá-lo do plano redentor para seguir o caminho do tentador. Jesus responde às tentações com a adesão incondicional à Sagrada Escritura e com a fidelidade à missão confiada pelo Pai. Por isso, são Paulo diz: se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

As tentações do cristão:

Nas tentações de Jesus podemos descobrir as tentações que afetam de modo especial o fiel de hoje:
A tentação de colocar o coração nos bens materiais. Diante das múltiplas necessidades da vida, o homem deve trabalhar e satisfazê-las. Os bens materiais e o sustento necessário constituem para ele uma necessidade de vida, mas isto não pode ser o seu principal critério de vida. Quem faz dos bens materiais o único e principal objetivo e se amarra a eles cai da condição de imagem de Deus para "se materializar". O livro da Sabedoria nos diz: "O culto de inomináveis ídolos é o começo, a causa e o fim de todo o mal" (Sab 1, 27). Ainda que os seus bens aumentem, não lhes dê o seu coração. É o que Jesus também nos diz: Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todo o mais vos será dado por acréscimo... Não vos preocupeis com o que comereis ou vestireis, pois o vosso Pai celeste bem sabe de todas as vossas necessidades.

A tentação de se deixar conquistar pela paixão do poder. Não resta dúvida de que se trata de uma tentação forte no coração do homem. O homem gosta de se sentir poderoso, de mandar, controlar, dirigir, impor a sua vontade de algum modo. Jesus enfrenta esta tentação com a adoração e o culto a Deus. Quando sentirmos no coração a tentação do poder, em qualquer das suas manifestações, voltemo-nos para o verdadeiro culto a Deus que é a oblação de si mesmo, que é a obediência incondicional ao seu plano sobre as nossas vidas, a simplicidade de coração e a obediência humilde. Lembremos que servir é reinar, e que quem se eleva será humilhado e quem se humilha será exaltado.

A tentação do amor desordenado a si mesmo. Existe um amor correto por si mesmo, que consiste na realização plena da pessoa no amor, no bem, na amizade com Deus. Mas também existe um amor desordenado, o egoísmo. Neste caso, o homem olha somente para si, pensa somente em si, se esquece de Deus e dos irmãos. Do egoísmo nascem os rancores, os homicídios, os adultério. São Marcos nos diz em seu evangelho: é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultério, cobiça, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez (Mc 7, 21-22). É neste ponto que o diabo nos instiga com especial veemência: ele se alia às nossas paixões para destruir a nossa vida. Por isso, combatamos o bom combate da fé, da adesão incondicional ao plano de Deus como verdadeiro amor a nós mesmos, a Deus e ao próximo.

Como vencer as tentações:

1. Formar no coração o senso do pecado e o valor da graça.

O nosso mundo perdeu o sentido do pecado. Muitas coisas, que em outros tempos eram reconhecidas como faltas morais graves, hoje não são mais. Há uma perda do senso de Deus, da sua transcendência, da sua santidade, do seu amor. Por isto se perde o sentido e o valor de viver na graça de Deus. O que devemos fazer? Primeiramente, não podemos nos desanimar. Justamente porque a situação é grave, devemos manter a serenidade, a sensatez, a decisão e a coragem, e isto vale para todos os fiéis, especialmente para os seus pastores. Precisamos voltar a ter uma catequese que apresente o amor de Deus, a transcendência de Deus, a proximidade de Deus e o temor de Deus. Só a partir daí se desenvolverá o verdadeiro sentido do pecado. Não se trata de criar consciências angustiadas, personalidades desequilibradas e cheias de escrúpulos. Antes, trata-se de ajudar o homem a descobrir a própria liberdade, a descobrir a consciência e o vínculo que existe entre liberdade e verdade. Não podemos ser verdadeiramente livres se não respeitamos a verdade, a verdade de Deus, a verdade do homem, a verdade da própria consciência. Quem não obedece à consciência, quem comete o pecado, se torna escravo do pecado.

2. O valor do sacrifício.

A quaresma nos oferece a oportunidade de exercitar, como atletas de Cristo, a renúncia a nós mesmos. Renúncia que não tem nada de pejorativo, e sim que nos ajuda a encontrar a verdade sobre nós mesmos. Vencemos a nós mesmos para vencer a desordem que tiver se introduzido na nossa vida. Por isso, é muito recomendável a cada cristão, praticar pequenos e grandes sacrifícios por amor a Deus. Renunciar a algumas comidas preferidas, a gostos particulares, dominar a vista, oferecer uma visita diária a Jesus Cristo Eucaristia, controlar-se num momento de raiva, renunciar a algum programa de televisão preferido, renunciar a um jogo de futebol esperado... enfim, são pequenas coisas, talvez esquecidas, mas que adquirem um valor particular quando se fazem por amor. Cristo, no deserto, renunciou a todos os seus gostos para ser fiel ao seu amor por mim. Será que eu não sou capaz de renunciar aos meus gostos para ser fiel ao meu amor por Ele?


Fonte: catholic.net

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